Para começar, gostaria de pedir desculpas pelo palavrão, na verdade é uma sigla, então não chega a ser uma palavra grande.

O tema de hoje tem tudo a ver com o nosso título, pois vamos falar sobre siglas, jargões e a comunicação na vida de uma pessoa de Produto.

Acrônimo x Sigla

Essa eu aprendi na época que dava palestras sobre HTML, alguém aqui me acompanhava nessa época?

Sigla é uma abreviação, onde você pronuncia letra a letra, enquanto Acrônimos formam uma nova palavra, em que você pronuncia de uma única vez, conhecida como leitura silábica.

Em outras palavras, Sigla é CPF (C-P-F), enquanto Acrônimo é CEP (CÉPI).

Introdução

Em Julho assumi como Sr. Product Manager da Liferay DXP Cloud, uma spin-off global da Liferay Inc.

O desafio técnico e ambição de negócio já é incrível por si só, potencializado pelo time bárbaro que faz parte desse desafio comigo, espalhado em diversos países diferentes.

Nessas primeiras semanas, trabalhando em outro idioma, participando de calls, fazendo cursos e lendo documentações. Parei para pensar, como nossa comunicação é vital para que o trabalho de produto seja feito com excelência.

Assim, decidi escrever essa newsletter para vocês, considerando algumas coisas que podemos melhorar em nosso processo de comunicação, com dicas do que fazer e do que não fazer. Shall we?

No que uma pessoa de produto deveria focar em comunicar?

Estou trabalhando meu lance de objetividade, então vamos por essa linha ok?

Pessoas de Produto focam em WHY e no WHAT. Como o foco delas é liderar, e nosso amigo Simon Sinek fala muito sobre como os melhores líderes inspiram (através do Golden Circle - Why, How, What).

Você precisa trabalhar fortemente a missão e visão, onde todos entendam porque estão fazendo isso. Esse conceito vai desde criar um novo produto, até mesmo criar um Epic no backlog.

Você também precisa deixar o seu time focado no que é mais importante a ser feito naquele momento. Um roadmap responsivo ajuda a entender o que vai ser entregue a longo prazo, enquanto um backlog revisitado deixa isso mais próximo nas sprints.

E por que não focar no HOW?

Porque aí entra as expertises das outras pessoas. É nesse momento que “delegar e confiar” aparece no(a) líder. Uma grande dificuldade em pessoas de produto é definir ou controlar o COMO.

Você pode participar do Como, provavelmente o Designer vai te incluir no processo, mas essa é uma tarefa onde você não é a pessoa responsável, no máximo você é uma ajudante. Para te ajudar nesse processo com múltiplos projetos, vou te apresentar a matriz RACI (Responsável, Autoridade, Consultado, Informado):

peguei essa imagem no site https://www.teamgantt.com/blog/raci-chart-definition-tips-and-example, então desculpem pelo `project manager` ali no quadro :p

A Matriz RACI é bem interessante para dizer em que projetos ou etapas você atuará como Responsável, em quais você atuará como Autoridade (aprovando as entregas), em quais você atuará como Consultado(a) (ajudando quando for acionado) e naquelas que você apenas é Informado(a) por e-mail.

Os 3 princípios para uma comunicação efetiva

Existe um artigo super bacana que fala sobre os segredos de comunicação para líderes de produto. Nele, são destacados esses 3 princípios que listarei abaixo, com a sua importância para o seu dia-a-dia.

Reciprocidade

A comunicação é formada por ida e vinda, formando assim um diálogo. Então foque em ouvir e dar atenção ao que for levantado, questionado, informado pelos demais membros.

Um ponto que ele levanta que gostei muito é sobre One on One (1:1), onde você pode conversar de forma privativa com a outra pessoa, inclusive fora do ambiente de trabalho, gerando mais fluidez e confiança com o outro.

Meio

Todos os meios, por mais que usemos bastante, são falhos e carregam com eles muitas armadilhas.

Gestos podem ser vagos, só voz pode confundir, textos são ambíguos, e até mesmo o tom de voz pode gerar diferentes entendimentos. Por isso, precisamos sempre buscar o máximo de informações para sermos compreendidos corretamente.

Um exemplo muito comum em produto é usar a palavra “sucesso", sendo que sucesso por si só já é um termo vago, e cada setor tem uma métrica diferente para avaliar o sucesso. Isso já mostra o quão difícil é escolher o melhor meio para a comunicação.

Contexto

Entender o contexto é quase uma ciência. Ao entendermos quem é a outra pessoa, o contexto dela, da conversa e até do termo ou métrica que você mencionar, tudo ficará mais claro na comunicação.

Nas reflexões que eu fazia com meu time quando diretor, era refletir em voz alta, começando com o contexto: “Quero conversar sobre xxx”.

No fim, ainda mandava um “faz sentido para vocês? BBB o que você acha disso?”.

Quando tenho algumas conversas sobre produto com minha amiga e parceira Lara (se está lendo, um bjo moça), vejo que ela está muito preocupada em anotar e seguir o meu pensamento, mas em muitas vezes, vejo que não estou tendo feedback dela, então opto por parar e questioná-la sobre o seu entendimento, e principalmente pedindo para ela contestar o que eu acabei de falar “se você não estiver concordando com a abordagem, preciso que você se posicione, pois é só nessa discussão que vamos chegar na melhor decisão”. Isso me liberta de “ter que estar sempre certo” e empodera a inteligência coletiva.

Por favor a Tupã, cuidado com isso!

Agora o papo é reto, e vou pedir sua ajuda para isso.

Você lembra quando você entrou na área?

Era horrível participar de reuniões ou assistir uma palestra, ou uma roda de profissionais na área.

CAC, LTV, KPI, OKR, Backlog, ROI, MRR, ARPU, DAU, MAU, ARR, HEART, AARRR, GUT, RICE, entre outras sopinhas de letrinhas. Na boa, VSF letrinhas :)

As TLA (Three-Lecter Acronym “Acrônimo de 3 letras”) são um caso de amor e ódio.

Eu também uso bastante, claro, poupam trabalho, mas tome cuidado com entrantes e palestras internas / externas.

Já é assustador entrar em uma área nova, ou começar uma carreira, então ajude essa pessoa a entender os principais termos, e no começo, fale o nome completo:

- Hugo, consegue exportar em um arquivo CSV no metabase com o Faturamento Recorrente Mensal dos últimos 6 meses do produto X? A gente chama de MRR, depois se quiser posso te mostrar mais sobre como calculamos.

A mesma coisa acontece com jargões. Sabemos que cada empresa tem uma forma diferente de se comunicar, mas ninguém coloca isso em um glossário e entrega no onboarding.

Na primeira semana na Liferay, eu assisti uns 30 vídeos. Fui anotando cada sigla e termo que não me soava familiar, afinal é uma nova empresa e em outro idioma.

Com isso, eu estava não só acelerando o meu aprendizado, como ajudando a minha empresa a melhorar o onboarding de novas pessoas.

Conclusão e Redundância

Estava fazendo uma call com nosso Lead Designer, e ele falou algo que eu repito há anos, que me deixou encantado.

- Eu gosto muito de trabalhar com Redundância!

EU TAMBÉM! EU TAMBÉM!

O autor Karl Sluis, responsável pelos princípios de comunicação apresentados acima, fala uma frase que ele reforça bastante que também atua nisso.

REPETITION IS THE KEY TO COMMUNICATION

REPETIÇÃO É A CHAVE PARA COMUNICAÇÃO

Não tenha medo de ser redundante, pelo contrário, use isso como estratégia. Pergunte quantas vezes achar necessário se a pessoa entendeu o que precisa ser feito. Não tem problema enviar um email, ter um reforço no Slack, e ainda deixar um Post it físico.

Se você pensar bem, uma TV com dashboards na empresa é uma redundância, Postits também.

Utilize isso de forma estratégica e assumida, como forma de ajudar a todos em todos os momentos, principalmente para trabalhos assíncronos como o que estou focado agora, onde temos uma diferença de 4 horas de fuso horário.

Saber se comunicar é a melhor estratégia para ter um time forte e performático!